A passagem do papa Francisco pelo Brasil e seus discursos
contra a corrupção e a pobreza chamaram a atenção da mídia como um todo, que
destacou a fala ponderada do pontífice católico a respeito de tais questões.
O mestre em
Direito e advogado Hélio Pariz publicou artigo no blog O
Contorno da Sombra com uma breve análise a respeito da fala do papa, em
comparação com algumas lideranças evangélicas.
No texto, Pariz ressalta a “notória
capacidade de se comunicar com os mais diferentes estratos da sociedade”,
dizendo que “o papa Francisco deu um show de comunicação, simpatia, empatia e
simplicidade”.
O advogado menciona ainda que a
comunicação de Francisco com o povo se deu não apenas através das palavras, mas
também com gestos: “Fez a sua mensagem compassiva ser recebida mesmo através do
silêncio de seu olhar contemplativo. Foi fiel, portanto, a pelo menos três
preceitos neotestamentários (e paulinos) sobre como dialogar com um mundo não
cristão”, afirmou, citando as passagens bíblicas de Filipenses 4:5; Colossenses
4:6 e Tito 2:7-8.
A crítica de Pariz a algumas
lideranças evangélicas se deu justamente neste ponto: “Sem querer entrar nas
diferenças doutrinárias aparentemente irreconciliáveis entre católicos e
protestantes, foi inevitável comparar a postura papal com aquela de alguns
expoentes evangélicos que usam e abusam cotidianamente de todas as formas de
mídia. Os nomes desses nem precisam ser citados, pois a sua verborragia e seus
interesses monetários invadem os lares brasileiros todos os dias pelas ondas do
rádio e da TV”, opinou.
Admiração
de evangélicos
O pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança,
também analisou os discursos do papa e o impacto que a postura do líder
católico teve entre os fiéis evangélicos.
Para Vargens, “a vinda do papa
Francisco ao Brasil tem despertado não somente a atenção da população em geral,
como também dos evangélicos que não se cansam de elogiar o bispo de
Roma”. O pastor citou ainda as redes sociais como amostra da admiração que boa
parte do rebanho evangélico tem expressado ao pontífice.
Segundo o pastor, os motivos dessa
admiração pelo papa são oriundos da frustração com as lideranças evangélicas:
“Na minha opinião a valorização do papa se deve em parte a insatisfação que os
evangélicos tem feito quanto ao comportamento de alguns dos seus líderes”.
Na lista de hipóteses
elencada por Vargens, estão desde o repúdio à teologia da prosperidade até a
identificação com sua simplicidade e mensagem focada em Cristo:
-O papa passa uma imagem
de simplicidade, enquanto os ‘apóstolos’ tupiniquins ostentam riquezas; O papa
demonstra gostar de gente e de se relacionar com o povo, já os ‘apóstolos’
tupiniquins preferem a ostentação de títulos eclesiásticos, além é claro da
nítida e clara separação do restante do povo; O papa Francisco demonstrou
simplicidade em voar num avião comercial, em carregar sua própria mala, em
dormir num mosteiro numa cama de solteiro, em andar em carro comum, em se
relacionar com o povo sem protocolos, pompa ou exigências. Já os ‘apóstolos’
tupiniquins andam de avião particular, exigem hotéis cinco estrelas, além é
claro de exigirem uma série de obrigações a todos àqueles que os convidam para
pregar o Evangelho de Cristo; [...] O papa tem falado de Cristo, os ‘apóstolos’
tupiniquins só falam em dinheiro – listou o pastor.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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